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O OE 2012 propõe que o IMI triplique para os imóveis que estão fechados ou em ruínas.

Publicado a 02/11/2011, 12:20 por House Work
O OE 2012 propõe que o IMI triplique para os imóveis que estão fechados ou em ruínas. Fica mais caro ser proprietário, mas inquilinos também têm menos deduções.

O investimento imobiliário é uma "alavanca da recuperação das economias", defendeu recentemente Lula da Silva, antigo presidente do Brasil. Em Portugal, o novo Governo "não pensa da mesma forma e seguiu outro caminho", lamenta Miguel Perdigão, secretário-geral da Associação dos Promotores e Investidores Imobiliários (APII) ao Diário Económico.

O Executivo de Pedro Passos Coelho resolveu triplicar, na proposta do Orçamento do Estado (OE) de 2012, o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) para prédios devolutos e em ruína, bem como agravar esta taxa numa décima para proprietários de imóveis e baixar deduções fiscais para inquilinos.

"O IMI está altíssimo e agravar a fiscalidade para prédios devolutos ou em ruínas é demasiado penalizador e atrasa a recuperação económica", alerta Miguel Perdigão. "Tal medida é uma espécie de punição sobre quem parece não querer rentabilizar os imóveis no mercado do arrendamento urbano. Não são criadas condições para que este mercado readquira confiança junto dos proprietários e dos investidores", frisa Luís Lima, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP).

No entanto, esta medida de agravamento do IMI para prédios devolutos está longe de gerar consenso e há quem defenda a penalização, mas com reparos. "Talvez ajude a dinamizar um pouco os prédios devolutos, mas neste momento, com o mercado como está, possivelmente os custos de preparação e as obras em prédios devolutos, corre-se o risco de ficarem vazios", adverte fonte do grupo SIL. E, acrescenta: "Se o proprietário não acreditar que o prédio vai ficar ocupado, poderá retrair-se e pura e simplesmente pagar o aumento do IMI. Neste caso não vai ajudar a dinamizar as coisas", lamenta.

"Excelente medida. Só é pena que não seja extensiva aos milhares de edifícios que entidades oficiais, como as autarquias, são proprietárias e deixam ao abandono", observa João Pessoa e Costa, presidente do Círculo Imobiliário. Também Rui Alpalhão, presidente da Fundbox, alerta para a necessidade de o Estado moralizar a situação em que se encontram milhares de edifícios públicos que "concorrem com os privados".

Também Frederico Mendoça, director residencial da Abacus-Savills, acredita que "é muito importante esta medida. Vem forçar os proprietários de prédios devolutos a intervir nos mesmos ou, em alternativa, a aliená-los". Rui Alpalhão considera ainda que estas medidas "devem ser vistas como tentativa de inverter a tendência enraizada em Portugal de todos quererem ser proprietários".

Novo paradigma da reabilitação

O novo paradigma é a recuperação de prédios ao serviço do arrendamento. Mantendo o IVA na reabilitação urbana em 6%, o Governo dá um sinal favorável ao negócio, mas os agentes do mercado esperavam mais incentivos. "Era esse caminho que gostaria de ver seguido. Gostaria de ter crédito bonificado para a reabilitação, com a condição de parte das fracções do imóvel se destinarem ao arrendamento", diz Miguel Perdigão, que defende ainda os fundos do QREN para a reabilitação. "O fundo JESSICA é positivo, mas não tem todas as condições para atrair os promotores imobiliários", conclui.


Números a reter

6%
Os empresários do sector da construção chegaram a temer o agravamento do IVA na reabilitação urbana. No entanto, o ministério de Assunção Cristas manteve o incentivo intacto.

7,5%
A tributação do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) agrava-se de 5 para 7,5% nos fundos de investimento. Este custo acrescido representa mais dificuldades aos fundos, alvos de pressão do mercado.

25%
A Associação Nacional dos Proprietários estima que o agravamento do IMI numa décima poderá implicar um aumento anual de 25% (100 euros) para quem paga agora 400 euros.

2013
Rui Alpalhão, da Fundbox, gostaria de ter visto prolongados além de 2013 os incentivos fiscais concedidos aos fundos, que permitam lançar programas de reabilitação urbana.

Fonte: http://economico.sapo.pt/noticias/saiba-como-a-fiscalidade-vai-penalizar-os-donos-de-predios_129347.html

30/10/2011
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